11.25.2005

25 de Novembro 30 anos depois





O segundo 25 de Abril
(image placeholder)Faz hoje 30 anos, a Esquerda revolucionária tentou tomar o poder, em Portugal.
        A vitória das forças moderadas permitiu a institucionalização da democracia  Trinta anos depois dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, quando o país esteve a um pequeno passo da guerra civil, é mais fácil reter apenas o essencial, desligado dos inúmeros episódios - trágicos, uns; bizarros e anedóticos, outros - que compõem a história completa de um período louco e perigoso da vida portuguesa recente. A institucionalização da democracia chegou a seguir.
Ao longo de todo o Verão e começo do Outono de 1975, confrontaram-se, basicamente, duas concepções de modelo de sociedade para Portugal. Uma, de matriz europeia, sustentada numa democracia representativa; e uma segunda, importada das experiências comunistas na então União Soviética e em Cuba, por exemplo, que tinha no PCP o seu maior difusor.
Os militares, no poder desde o 25 de Abril de 1974, dividiram-se entre os dois apelos e tornaram-se nos principais protagonistas de uma disputa que terminou com a vitória das forças moderadas, precisamente no dia 25 de Novembro de 1975, quando uma revolta iniciada por tropas pára-quedistas, que contariam, numa segunda fase, com o apoio de unidades do Exército e da Armada, foi sustida e derrotada.
Na madrugada de 25, forças pára-quedistas assaltaram e tomaram o Comando da Base Aérea nº 1, em Monsanto, e as bases aéreas nº s 3, 5 e 6, respectivamente, em Tancos, Monte Real e Montijo. Na expectativa, mas fornecendo sinais de apoio aos revoltosos, ficaram RALIS, EPAM e Regimento da Polícia Militar, unidades sediadas em Lisboa.
O presidente da República (PR) e, simultaneamente, chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Costa Gomes, tomou o comando das operações, recorrendo às poucas forças verdadeiramente operacionais de que o país dispunha, ou seja, o Regimento de Comandos da Amadora, comandado pelo então coronel Jaime Neves; a Força Aérea, que deslocou para a Base de Cortegaça os principais meios (aviões), a Região Militar do Norte, comandada pelo então brigadeiro Pires Veloso, que enviou para Lisboa três companhias.Os focos de resistência foram sendo neutralizados ao longo do dia sem grande oposição dos revoltosos, verificando-se um confronto armado apenas na calçada de acesso ao Regimento de Polícia Militar, em Lisboa, em que morreram dois militares do Regimento de Comandos - o tenente José Coimbra e o aspirante José Ascenso. Testemunhos da época garantem que foram baleados pelas costas por civis armados. Na troca de tiros, foi também atingido mortalmente o furriel Joaquim Pires.
Numa mensagem ao país, feita pelo telefone e transmitida através dos estúdios do Porto da Emissora Nacional, cerca das 22 horas, o presidente da República decretou estado de sítio parcial na região de Lisboa, uma medida que restringia o direito de liberdade de reunião. Os bancos encerraram e os jornais de Lisboa não se publicaram. No resto do país, a situação foi sempre menos tensa.
A emissão da RTP passou igualmente a ser assegurada do Porto, depois de uma tentativa de um dos revoltosos - o capitão Duran Clemente - em falar ao país, a pedir apoio para os revoltosos. O Monte da Virgem pôs então no ar o único filme de que dispunha "O bobo da corte", de Danny Kaye.


Jornal de Notícias

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