1.07.2006
Razões que a Razão desconhece
De regresso ao blog, ainda pouco inspirado, publico um artigo do Expresso, que transmite cabalmente alguma das minhas preocupações sobre a nova refinaria de Sines, cuja construção foi apressadamente aprovada com o desconhecimento do próprio presidente da câmara – segundo imagens e som mostrados no telejornal.
“O exame do Conselho dos DozePara que serve a refinaria de Sines?
Seria suposto que um grande investimento numa nova refinaria em Sines, promovido do lado português por Patrick Monteiro de Barros, apoiado pelo Governo, e com investimento estrangeiro, suscitasse um apoio mais ou menos entusiástico a um painel informado como o do Conselho dos Doze. Mas esse apoio não é evidente. Porquê? Uma parte do painel formula uma aprovação genérica, considerando que é o mercado a funcionar.
Mas há outras questões em concreto: Augusto Mateus diz taxativamente «não» ao interesse estratégico da refinaria; Henrique Neto acrescenta as questões da segurança e interroga-se - tal como João Salgueiro - sobre a possibilidade de vir a ser fechada a refinaria da Petrogal em Matosinhos; Ferreira de Oliveira, ex-concorrente à Galp, e Mira Amaral sublinham que uma nova refinaria não é indispensável para o mercado português, acrescentando este último que não será criado muito emprego, além de ter «impactos ambientais a ter em conta»; Teodora Cardoso sublinha, por fim, que se há um impacto positivo nas exportações, também há um negativo nas importações (o petróleo que chega para refinar), obrigando-nos entretanto a comprar pesados «direitos de poluir» que não vão ajudar ao cumprimento do Protocolo de Quioto. «Onde estão os estudos em que se baseia o forte apoio do Estado?», pergunta a economista. Para um país que faz do turismo a sua salvação, haverá maior bomba-relógio sobre a costa vicentina do que multiplicar exponencialmente o número de petroleiros a chegar e a partir de Sines? Para se ficar em Portugal com uma percentagem do lucro da refinação?”
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